quinta-feira, julho 27, 2006

Excursões em 1949

Excursões:
No perímetro da cidade -- O Lago -- Ilha dos Amores -- Farol
O magestoso lago artificial, obra que bem demonstra o poder empreendedor do homem, é um passeio obrigatório do veranista. Há barcos seguros e dedicados barqueiros, não só para simples passeios, como para natação e pesca; são abundantes no lago o lambari, o cará e a traíra. À noite, principalmente ao luar, o encanto deste passeio não tem rival. Tem cêrca de 1.600 metros de comprido por cêrca de 800 de largo; possui lindo arquipelago, destacando-se dele as ilhas dos Bambus, dos Patos e a decantada ilha dos Amores, com suas alamedas ensombradas de bambus gigantes, cheia de flores e passaros. Bancos rusticos e mesas para piqueniques completam o cenário que encanta e seduz.
Este lago, também chamado Guanabara, foi formado pelo represamento dos rios Lambarizinho ou São Simão, que nasce com o nome de São Bartolomeu, e das Flores ou Pinhão Roxo; a vasante é a barragem, que forma linda cascata, obra ciclópica, o engenheiro aliou a tecnica a arte, tem 10 metros de altura e uma força avaliada em 50 HP, à frente da cascata, fica o Farol, obra bem delineada, planta dos arquitetos Poley & Ferreira. Sua função era iluminar o lago e enfeitar as festas venezianas que nele se realizassem. Este velho farol funcionou apenas no ato inaugural.
O Cassino:
Obra prima de Américo Werneck, o primeiro Prefeito da cidade, com linhas arquitetônicas de um gosto apurado. Dotado de amplos salões para bailes, concertos, leitura; decoração deslumbrante, rica e luxuosa; no salão de música lustres de cristal riquissimos; no palco para a orquestra, enormes candelabros com volutas douradas e festivas; pelas paredes quadros japoneses, emoldurados de motivos florais e ornitológicos. O salão japones tem no teto um circulo sinuoso inscrito em losango com dragões enleitados e de artistica confecção; pelas paredes, grandes quadros de fundo de laca preta com gaviões de marfim e madrepérola; cortinas de seda com pinturas; quadros orientais autênticos, de legitimo charão, representando as 4 estações e os 12 meses do ano. Estatuetas de gheishas e musmes, jarras, espelhos encrustados de madrepérolas e onix, leques, para-sóis; grandes dragões e garças douradas. Mobilias, uma de estojo aubusson-verde com rosas, assento e encosto de madeira dourada; outra de bambú envernizado e assento de couro; outra com sofá, quatro cadeiras conjugadas, de espaldar e quatro assentos de couro formando um lindo jogo de cores verde e ouro. Um pátio e escadaria interna dando para o terraço de onde a vista panorâmica é maravilhosa, abrangendo todo o lago com seus contornos, a caixa d'água, a igreja e a cidade, enfim. A planta do cassino foi elaborada pela firma Polay & Ferreira, do Rio de Janeiro; estes arquitetos desenharam também os planos para a construção do Farol, do prédio da Usina, do mercado que não alcançou nossos dias.....do grande hotel que devia ser erigido ao lado do cassino, do Teatro, da Fonte Luminosa e inúmeros adornos para o Parque das Águas, tudo com requintado bom gosto, arte e maestria. Felizmente nem tudo se perdeu; ainda dormem nos arquivos da Prefeitura os projetos, à espera de quem os venha tirar para um dia se tornarem realidade .
A Volta da Mata:
Partindo-se do Cassino, toma-se pela direita do lago pela avenida que orla, a Barbara Heliodora. É um passeio agradabilissimo; a mata com seus caracteristicos, arvores seculares, lianas pelos galhos, parasitas e outras flores silvestres; passaros canoros gorgeando; ar puro, embalsamado de perfumes suaves; o sol lá por cima, nas grimpas, e imprimindo transitoriamente arabescos pelo chão! Seu percurso é de cêrca de 5 quilometros, tanto pode ser feito à pé pelos amantes das caminhadas como a cavalo ou charretes.
Chácara do Vivaldi, ou da Floresta:
Um dos passeios mais atraentes, uma dependência do Imperial Hotel, mas com prazer os seus dirigentes a franqueiam aos veranistas. Fica na base da Serra das Águas, caminho ensombrado, paisagens lindas, cascatinha poética que desliza cantante pela encosta abaixo. Caramanchões rústicos e bucólicos; criações domesticas completam o cenario e o prazer da caminhada. Ida e volta apenas 2 quilometros.
Alto do Cruzeiro e da Caixa d'água:
Fazem-se os dois passeios numa só caminhada; do centro da cidade são divisados ambos; mais de um caminho dão acesso aos mesmos, porém o melhor é começar pela avenida da caixa d'água, que parte da Praça Nossa Senhora da Saúde, bem atrás da Igreja matriz. Subida suave, e de bela vista panorâmica, para a cidade e para o lago; ao longe os lindos contornos das colinas.
Vale do Mombuca:
Outro passeio pitoresco. Vai-se a pé, a cavalo e de charretes. Começa-se caminhando após a cascata do lago, passa-se pela fábrica de garrafas, atravessa-se o leito da estrada de ferro e toma-se o caminho que vai dar no matadouro. Ganha-se a estrada pela margem direita do rio. Olarias várias até as Pitangueiras; lindas paisagens pela serra do Bom Jesus afóra. É um rio piscoso, pelas suas margens, nas estações de pesca, são encontradas dúzias de amantes deste esporte, em sua foz com o rio Lambari até "dourados" já se fisgaram.....Seus campos circunvizinhos tem codórnas, suas lapas pela serra tem pacas, seus banhados possuem marrecos, paturis e narcejas. Passeio relativamente bom e suave, ao todo ida e volta, 18 quilometros.

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