Os tempos de glória de Lambari deixaram um fabuloso vestígio. Corria o ano de 1909 quando foram iniciadas as obras de um ambicioso projeto, que levaria menos de dois anos para ser concluído. O município recém-criado via brotar uma imponente construção, nascida dos sonhos de um homem por vezes enigmático, Dr. Américo Werneck, o primeiro prefeito.
Estreitos laços uniam Lambari ao centro do poder mineiro. A cidade era bem representada por influentes personalidades locais, dentre elas Werneck. Seus contatos com o presidente do Estado de Minas Gerais, Wenceslau Braz, permitiu que conseguisse uma vultosa verba para remodelação da sede do município. Com as idéias vertendo como as águas, Werneck partiu para a Europa em busca de inspiração. Queria transformar Lambari na versão brasileira de Vicky, famosa estância hidromineral francesa. Da viagem veio a intenção de construir um cassino, que seria a mais preciosa jóia de seu projeto.
Dinheiro parecia não ser o problema. Foi contratada a firma Poley & Ferreira, muito conceituada na época. O local escolhido era chamado Alto da Fortaleza, nada mais sugestivo. As terras foram desapropriadas e o referido morro colocado abaixo. Praticamente todo o material utilizado na construção e decoração veio da Europa. Pinho de riga da Rússia; telhas francesas; tijolos, cimento, portas, janelas, pedras, pisos e forros, vindos da Ásia; azulejos e peças sanitárias de Portugal e Inglaterra.
A decoração abre um capítulo à parte. Salões foram recheados com a mais pura tradução de requinte e bom gosto. Os decoradores chineses e japoneses deram o toque final, à altura da arquitetura imponente do cassino, em estilo barroco e neo-clássico. O salão de música recebeu lustres de fino cristal, enormes candelabros dourados iluminavam o palco de orquestras e as paredes estavam repletas de quadros com motivos florais e animais. Os amplos salões para bailes, concertos e leitura refletiam a grandeza do sonho de Werneck. O cassino, que ocupa uma área de 2.800 m2, era um oásis fantástico distante dos grandes centros, numa época em que as dificuldades de transporte e comunicação eram grandes.
Tão magnífico sonho durou apenas uma noite, a de estréia, quando importantes figuras políticas compareceram ao evento, entre elas o presidente da República e o governador de Minas. Absurdas desavenças políticas fecharam suas portas e o cassino não voltou a funcionar. Meio século de abandono se seguiu. Nesse tempo um verdadeiro crime foi praticado. Quase todo o seu acervo mobiliário e decorativo foi retirado, redirecionado para outros órgãos administrativos do Estado. Restaram algumas peças e o prédio, que passou por uma ampla reforma e serve como testemunha daqueles dias. O Cassino do Lago Guanabara tem uma deliciosa história, que mistura vários ingredientes: vontade, coragem, empreendedorismo, alegrias, tristezas, auge e decadência. Até mesmo o místico encontra seu lugar. Entrou para a memória da cidade a imagem de Werneck acompanhando com uma luneta as obras do cassino. Considerado meio cientista e meio bruxo, o engenheiro deu ao seu projeto algumas curiosidades, como a simetria da construção em relação ao solstício e ao equinócio. O farol iluminava o lago e produzia um belo efeito nos vitrais do cassino, todo dia 15 de novembro, data da Proclamação da República. Werneck era um republicano convicto...
Estreitos laços uniam Lambari ao centro do poder mineiro. A cidade era bem representada por influentes personalidades locais, dentre elas Werneck. Seus contatos com o presidente do Estado de Minas Gerais, Wenceslau Braz, permitiu que conseguisse uma vultosa verba para remodelação da sede do município. Com as idéias vertendo como as águas, Werneck partiu para a Europa em busca de inspiração. Queria transformar Lambari na versão brasileira de Vicky, famosa estância hidromineral francesa. Da viagem veio a intenção de construir um cassino, que seria a mais preciosa jóia de seu projeto.
Dinheiro parecia não ser o problema. Foi contratada a firma Poley & Ferreira, muito conceituada na época. O local escolhido era chamado Alto da Fortaleza, nada mais sugestivo. As terras foram desapropriadas e o referido morro colocado abaixo. Praticamente todo o material utilizado na construção e decoração veio da Europa. Pinho de riga da Rússia; telhas francesas; tijolos, cimento, portas, janelas, pedras, pisos e forros, vindos da Ásia; azulejos e peças sanitárias de Portugal e Inglaterra.
A decoração abre um capítulo à parte. Salões foram recheados com a mais pura tradução de requinte e bom gosto. Os decoradores chineses e japoneses deram o toque final, à altura da arquitetura imponente do cassino, em estilo barroco e neo-clássico. O salão de música recebeu lustres de fino cristal, enormes candelabros dourados iluminavam o palco de orquestras e as paredes estavam repletas de quadros com motivos florais e animais. Os amplos salões para bailes, concertos e leitura refletiam a grandeza do sonho de Werneck. O cassino, que ocupa uma área de 2.800 m2, era um oásis fantástico distante dos grandes centros, numa época em que as dificuldades de transporte e comunicação eram grandes.
Tão magnífico sonho durou apenas uma noite, a de estréia, quando importantes figuras políticas compareceram ao evento, entre elas o presidente da República e o governador de Minas. Absurdas desavenças políticas fecharam suas portas e o cassino não voltou a funcionar. Meio século de abandono se seguiu. Nesse tempo um verdadeiro crime foi praticado. Quase todo o seu acervo mobiliário e decorativo foi retirado, redirecionado para outros órgãos administrativos do Estado. Restaram algumas peças e o prédio, que passou por uma ampla reforma e serve como testemunha daqueles dias. O Cassino do Lago Guanabara tem uma deliciosa história, que mistura vários ingredientes: vontade, coragem, empreendedorismo, alegrias, tristezas, auge e decadência. Até mesmo o místico encontra seu lugar. Entrou para a memória da cidade a imagem de Werneck acompanhando com uma luneta as obras do cassino. Considerado meio cientista e meio bruxo, o engenheiro deu ao seu projeto algumas curiosidades, como a simetria da construção em relação ao solstício e ao equinócio. O farol iluminava o lago e produzia um belo efeito nos vitrais do cassino, todo dia 15 de novembro, data da Proclamação da República. Werneck era um republicano convicto...
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